sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Nem todo mundo envelhece com o tempo.

Hoje, enquanto estava no ônibus a caminho do trabalho, pensei em períodos da minha vida e tive uma reflexão bem nítida em relação a minha infância e ao menino que eu era naquele tempo. A sensação que tive é que esse menino não morreu e ainda está em mim.

Isso quer dizer que não amadureci e que não passo de um moleque velho? Veja, não que eu me sinta o cara mais experiente do mundo, nada disso, mas o que tenho de certo é que há duas personas me habitando: o menino Leonardo e o homem Leonardo.

Caso de esquizofrenia? Espero que não. Até porque enxergo isso de maneira muito positiva. Acho que justamente por eu estar encontrando um equilíbrio entre eles dois é que me sinto mais próximo do meu verdadeiro Eu. Por que matar aquele menino que vivia um mundo tão mágico, tão leve e tão lúdico só porque cresci, tenho barba e contas pra pagar?

É tão gostoso ser criança. Mesmo. Recomendo a todos sempre deixarem seu lado criança se manifestar de vez em quando, pois é ele que mantém aquela chama de esperança que nos motiva a crer que a vida vale a pena. Que tudo que sonhamos pode sim acontecer, basta acreditar do mesmo jeito que acreditávamos em tantas coisas que os adultos adoravam dizer 'ah essas crianças vivem no mundo da Lua'. Agora que sou adulto, posso contar a real pro menino Leonardo 'aqueles adultos lá é que estavam vivendo no mundo da Lua ou em qualquer outro lugar, menos aqui!'.

Acreditar que ter dinheiro no bolso e uma casa com TV é sinônimo de realização pessoal? Nossa, nunca encarei dessa forma e o homem Leonardo enquanto estiver acompanhado do moleque, nunca vai pensar assim. Palavra de Chapolin Colorado - pra lembrar um ídolo meu, Roberto Bolaños, que também nunca deixou a criança dentro dele morrer.

Escrevi e continuo com um sorriso no rosto por estar realmente contente em saber que tenho ainda muito que brincar, fantasiar e fazer molecagem, mesmo me tornando pai, tio, avô etc. E que isso não atrapalhe o adulto que há dentro de mim em levar o que tem que ser levado a sério. Tudo tem sua hora. E maturidade é saber a hora certa pra deixar cada persona agir.

Me despeço de vocês, deixando um som que eu adorava quando era criança e - considerando que ela ainda não morreu - continuo adorando. De um sujeito que, com certeza, não deixou aquele garoto tímido de Brixton, no sul de Londres, morrer. Falo de David Robert Jones.