segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Em busca da beira do Universo.

Primeira postagem do ano não poderia ser em um dia mais significativo, pra mim, do que hoje. Sim, meus caros, hoje meu maior ídolo no mundo da música completa 46 primaveras. Quem já me conhece, sabe de quem estou falando; quem não, dou-lhes a notícia agora: falo de Michael Allan Patton. Mike, para os chegados.

É difícil precisar quando esse sujeito me marcou, pois foram tantos momentos que posso dizer que a vida pedia, implorava, para que eu o seguisse e não parasse mais. Lógico que tenho outros grandes ídolos - David Bowie, Trent Reznor, Jimi Hendrix, Kurt Cobain... -, mas o Patton tem uma parada que sempre me despertou mais interesse, sua versatilidade.

Como já escrevi anteriormente, não gosto de rotular nada, principalmente música. Tudo bem que facilita em alguns quesitos, por exemplo, pra organizar discos numa loja, ou quando você tá mais numa pegada X, então não vai procurar por Y. Porém, não é mais fantástico quando um mesmo artista está envolvido em tantos projetos distintos entre si que te proporciona uma infinidade de sons pra cada momento/fase da sua vida?

A grande maioria dos ouvintes o conhece como o vocalista do Faith No More. Amo essa banda e, obviamente, foi por ela que ouvi pela primeira vez a voz dele. Não sei ao certo com qual música, mas creio que tenha sido com Edge Of The World, pois esse som rolava direto na rádio Transamérica em 1991. Bons tempos, aliás, que minha mãe ligava aquele belo aparelho da Gradiente e deixava o dia todo ligado. Mal sabia ela a semente que tava se desenvolvendo dentro de mim, regada por todos aqueles sons: Nirvana, Metallica, Guns, Living Colour, Pearl Jam, Alice In Chains, Blind Melon, Smashing Pumpkins... nossa, a lista é imensa! (fica pra uma outra postagem, minha paixão pelos anos 90)

Enfim, sendo mais objetivo, lembro de muito tempo ouvir canções como From Out Of Nowhere, Epic, Midlife Crisis, A Small Victory, a famigerada cover de Easy - pra quem não sabe, ela fez sucesso no final dos anos 70 com a banda de soul (olha o rótulo aí, gente!) Commodores, liderada pelo figurinha batida das rádios de consultório, Lionel Richie - só que eu nunca me ligava que esses sons pudessem ser da mesma banda. Tanto pelo instrumental que era muito diferente, quanto pela voz que mudava tanto de timbre.

Pois bem, com a chegada tardia da MTV em minha residência em meados de 1997 (lembro tão bem de eu assistindo ao Video Music Brasil daquele ano com minha irmã; sem contar o Disk MTV com a gos... talentosa Sabrina Parlatore) e foi um ano-chave pra mim, porque foi quando eu realmente conheci as caras das bandas que eu gostava e, por consequência, fui ligando os sons que eram das mesmas bandas. Creio que em 1998, foi quando me dei conta que curtia muitas músicas do tal FNM. Tenho alguns clipes gravados na época até hoje em VHS, porém a tristeza foi que BEM naquele ano a banda resolveu anunciar que estava se separando. Sim, lembro muito bem da Chris Couto anunciando isso no Jornal MTV. Naquele fatídico ano, ainda me deparei com a estreia no Ponto Zero do clipe de I Started A Joke (que piada de mal gosto com os fãs, não?), mais uma cover inusitada que a banda sabe tão bem fazer do seu jeito.

Depois disso, foram anos e anos sonhando que um dia o FNM voltasse a ativa e fizesse um show na terra da garoa. Enquanto isso, claro que fui atrás de conhecer a discografia toda; foi a primeira banda que eu resolvi baixar todos os discos em 2004. E, desde então, se tornou a banda número 1 em meu coração.
Seis discos recheados de sons que iam da bossa nova ao death metal. Claro, tudo a maneira peculiar do FNM de compor e tocar.

Não queria me estender muito, mas tô nem na metade! Pois tão vendo que, aparentemente, minha ligação seria com o quinteto, certo? Errrrrrrrrrrrrrado! O lance é que Mike Patton tem o FNM como só mais uma de suas bandas/projetos em sua carreira. Antes mesmo de ele entrar pra banda, ele já era de outra espetacular: Mr. Bungle. Além dos EPs, essa banda tem três discos que eu considero obras-primas essenciais pra quem quer aumentar seus limites musicais. Se FNM já fazia uma mistureba de sons, o Bungle tem uma penca de influências que extrapolam tudo e, ainda por cima, a lambança era mais condensada. Em uma música, se identifica muitas referências.

Chega? Não! Só pra citar os que mais curto, ele gravou quatro discos com uma banda chamada Tomahawk (isso já depois do FNM) que têm músicas fantásticas, porém mais diretas; um disco com um projeto chamado Peeping Tom que tem altas parceiras com nomes como Massive Attack, Norah Jones, Bebel Gilberto, Dub Trio... mano, já deu pra sentir o groove né?
Tem também um projeto maluco intitulado Fantômas - com acento circunflexo mêmo! - que eu tive o prazer de ver em 2005 no festival Claro Q É Rock; esse merecia até um texto próprio, pois foi um dia especialíssimo nas minhas experiências musicais - e, também, um tal de Mondo Cane, no qual ele escolheu um repertório de canções pops dos anos 50, 60, em sua maioria, italianas! Pois é, além de tudo, o cara foi casado com uma artista plástica italiana e, por isso, seu italiano é um Boccato di Cardinale.

Ao invés de falar, falar e falar, vou me deliciar com algum projeto dele e espero que vocês façam o mesmo, pois o Mr. 1000 Voices é um workaholic com muita saúde e disposição!

Pra não perde o costume, deixo um vídeo - gravado no Chile, país que tem uma identificação absurda com ele, coisa que ninguém explica, apenas se aceita - de uma música que me fez a cabeça quando ainda menino e que sempre me deixa de bom humor. Essa é do primeiro disco que ele gravou com a banda, The Real Thing, de 1989, caracterizado por uma voz anasalada que deixa a coisa mais divertida ainda!